Lendo as histórias destas pessoas famosas e dos meus colegas
professores, fui lembrando coisas que já estavam adormecidas dentro de mim. Acho
que se não fosse por essa tarefa, talvez nunca chegasse a relacionar essa minha
história de vida à minha história de leitora e escritora.
Diferente dos depoimentos que li aqui, passei minha infância dentro de
casa. Minha mãe nunca deixou que brincássemos na rua ou com outras crianças.
Acho que por isso, gostava tanto de ir à escola. Era onde eu podia conviver com
gente diferente e brincar... Por isso também aprender a ler foi uma forma de
libertação. Também não cresci num lar de apaixonados por leitura. Vez ou outra
aparecia um gibi ou livrinho em casa que eram logos devorados por mim e por
minhas irmãs. E como eram poucos, líamos várias vezes o mesmo livro. Lembro-me
de guardar gibis já com páginas faltando, como se fossem tesouros!
Na adolescência, descobrimos a biblioteca pública de Jundiaí. Minha irmã
e eu íamos toda semana de ônibus para buscarmos os livros da Ágatha Christie.
Acho que li todos, menos um – “Cai o pano” - porque sabia que meu personagem
favorito iria morrer.
Quem me apresentou à Literatura Brasileira foi minha professora do
Magistério, Eloa Bellini Gut. Entre as várias leituras que fez para nós, nunca
pude esquecer as sensações que o conto Venha ver o pôr do sol, da Lygia
Fagundes Telles, provocou em nós. Até hoje, sempre que posso, leio para meus
alunos!
Quanto à escrita, desde bebê, via minha mãe escrevendo cartas para
minhas tias. Para que eu a deixasse escrever, dava-me sempre papel e lápis e
depois enviava meus rabiscos junto com a sua carta, no envelope. Aos 7, 8 anos,
quando me alfabetizei mesmo, virei sua escriba, já que ela teve muito pouco
estudo e tinha vergonha da própria caligrafia. Virei uma viciada em cartas.
Escrevia para primos que nunca me respondiam, até que, aos 15 anos encontrei
numa revista teen, endereços de pessoas do mundo todo que queriam trocar
correspondência. Com o pouco de inglês que aprendi na escola, arrisquei-me a escrever
para uma garota finlandesa de minha idade. Lembro-me da euforia que foi receber
a resposta, da ansiedade para entender o texto todo. Mantivemos a amizade por
uns cinco anos e depois acabamos parando de escrever. Nesta semana, consegui
achá-la numa rede social e foi emocionante poder recordar nossa adolescência.
Eu também tinha o costume de escrever cartas para meus primos que moram no interior de São Paulo. Era muito bom esperar pela chegada do carteiro.
ResponderExcluirComo coloco o meu depoimento aqui?
ResponderExcluirMuito bonito o seu depoimento. Quando adolescente, eu me correspondia com um rapaz morador de uma cidade próxima à minha e um dia ele foi aos jogos regionais e foi até a minha casa para me conhecer. Foi emocionante!
ResponderExcluirOlá, Wilma, você deve me passar seu e-mail pelo fórum para que eu a adicione.
ResponderExcluirTudo certo Valéria. Obrigada!
ExcluirOi, já enviei o e-mail, dia 03/06, mas você não me enviou convite. O que aconteceu?
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