Público-alvo: 8ª série - 9º ano
Tempo previsto: 4 aulas
Tempo previsto: 4 aulas
Conteúdos
e temas: leitura do conto.
Competências
e habilidades: desenvolver
as capacidades de leitura (ativação
de conhecimentos prévios; antecipação ou predição; checagem de hipóteses;
localização de informações; comparação de informações; generalizações; produção
de inferências locais; produção de inferências globais; recuperação do contexto
de produção; definição de finalidades e metas da atividade da leitura;
percepção das relações de intertextualidade; percepção das relações de
interdiscursividade; percepção de outras linguagens; elaboração de apreciações
estéticas e/ou afetivas; elaboração de apreciações relativas a valores éticos
e/ou políticos.)
Estratégias: aula
interativa, com a participação dialógica do aluno, com a preparação e
conhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor, leitura em voz
alta feita pelo professor.
Recursos: texto
impresso, audiovisual.
Avaliação:
observação das respostas dadas pelos alunos às questões feitas pelo professor.
Roteiro para aplicação da situação de
aprendizagem
Passo
1- A
atividade a seguir tem o objetivo de ativar os conhecimentos prévios. Antes da leitura, o professor pergunta:
a)
O que vocês sabem sobre crônica?
b)
Em que veículo de comunicação o texto circula?
c)
Vocês conhecem o escritor Moacir Scliar?
d)
O que sugere a palavra pausa referente no título do texto?
e)
De que tipo de pausa vocês acham que o texto vai tratar?
Passo
2- O
professor inicia então a leitura do conto, fazendo pausas e perguntando sobre
significados de palavras ou referentes
dos pronomes (produção de inferências locais).
Pausa
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu,bocejando:
— Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as
sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto
uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz.
— Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
— Por que não vens almoçar?
— Já te disse; muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga. Samuel
pegou o chapéu:
— Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da
garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as
barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Como pacote de sanduíches
debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a
um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com
as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa
poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
- Ah! seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A
gente... - Estou com pressa, seu Raul - atalhou Samuel.
- Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último
andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
- Aqui, meu bem! - uma gritou, e riu; um cacarejo curto.
Para que o aluno faça
levantamento de hipóteses, o professor faz uma pausa aqui e pergunta:
f)
Onde a personagem está indo?
Para que seja feita a
checagem das hipóteses, o professor continua então a leitura:
Ofegante,
Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma
cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água,
sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um
despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou
a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o
casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente
quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os
olhos.
Dormir.
Em
pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis
buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um
raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão
carcomido.
Samuel
dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa. Perseguido por um índio
montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa,
nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e
resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas.
Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados; índio acabara de trespassá-lo com a
lança. Esvaindo-se em sangue, molhado de suor. Samuel tombou lentamente:ouviu o
apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
Às
sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia,
lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado
numa poltrona, o gerente lia uma revista.
-
Já vai, seu Isidoro?
-
Já - disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
-
Até domingo que vem seu Isidoro - disse o gerente.
-
Não sei se virei - respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
-
O senhor diz isto, mas volta sempre - observou o homem, rindo. Samuel saiu. Ao
longo do cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os
guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa. ¨
Passo
3- Após
a leitura, para estimular o aluno a comparar as informações presentes no texto,
o professor solicita aos alunos:
g)
Expliquem a contradição destas expressões, referentes ao comportamento de
Samuel:
“Não há tempo.”, “Estou com pressa.” e “...guiava lentamente. Parou um
instante...”
Para que os
alunos exercitem a capacidade da generalização, o professor faz a seguinte
questão:
h) O que
você imaginou que Samuel estava fazendo quando mentia para a esposa sobre onde
passava os domingos?
Se eles
disserem que achavam que ele estava traindo a esposa, questione:
i) Por
que será que a maioria das pessoas pensa assim?
Para que o aluno produza inferências globais,
questione:
j) Vocês
imaginam quem são as mulheres gordas? Por que elas o chamam?
Passo
4 - A
fim de que o aluno perceba as relações de intertextualidade, o professor apresenta
a música: “Cotidiano”, de Chico Buarque:
k)
Qual a relação de “pausa” nos dois textos?
Passo
5 - Outra
atividade para que o aluno perceba as relações de intertextualidade será a
exibição do filme “Click” em que o protagonista também quer fugir de algo.
l)
Os protagonistas do conto e do filme estão “pausando” sua vida para fugir
de algo. Do que fogem? Comente.
Passo
6 - Para estimular o
aluno a elaborar apreciações relativas a valores éticos e/ou políticos, o
professor questiona:
m) Comente a atitude do marido ao mentir para a
esposa todos os domingos. É correto? Justifique sua resposta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ROJO, Roxane. Letramento e
capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo: SSS: CENP, 2004. Texto
apresentado em Congresso realizado em maio de 2004.
Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo. São
Paulo: Cultrix, 1977. P. 275)
Música Cotidiano, de Chico
Buarque, disponível em:
CLICK (filme). Frank Coraci,
2006.
Grupo de professores do
encontro presencial:
Ana Lúcia Matthiesen Zutin
Andriws
Angela Maria de Santis
Carla R. B. Maffasoli
Célia Regina Custódio de
Lima
Claudete Gonçalves Pires dos
Santos
Denise Regina Denuncio
Edna Santos Mition
Franscislene de F. Naves
Maria Zélia R. Batista
Marilda Maisi
Marta Elisa Bueno Dias
Meiryellen Herling
Odirléia Regina Rimes de Souza
Rosane dos Santos
Sandra Maria Martins
Sandra R. S. Scheledorn
Suely Cristina de Souza Santos
Grupo de professores do
encontro online
Suely Cristina de Souza Santos
Tânia Cristina Correia Pereira
de Oliveira
Valéria Maria de Santana
Lopes
Vanilsa Dangeli
Wilma Ioli Ribeiro Silva
Excelente trabalho, Suely.
ResponderExcluirObrigada, colega!
ExcluirSuely, a sua SA ficou ótima. Eu já a tinha lido, porém somente hoje estou colocando o meu comentário. "Apanhei bastante", mas não consegui colocar corretamente no Blog o texto sobre Gustav Klimt.
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